segunda-feira, julho 22Conteúdo Relevante pra Você

O lazer das cidades do interior: o futebol varzeano com seus eternos craques e seus apelidos pitorescos

Foto: Lú Freitas

Eis que aos 48 minutos do segundo tempo o juiz marca um pênalti a favor do time visitante, o glorioso Pingo-D’Água, regido pela batuta do experiente meio-campista e capitão “Maromba”.

Àquela altura a mãe do nobre árbitro já havia sido adjetivada com os mais diversos xingamentos, que evidentemente não me cabe mencioná-los aqui.

Não havia outra solução, a esperança da torcida do Esquadrão da Fumaça estava nas mãos do experiente arqueiro conhecido como “Bululu Caçapa”.

“Maromba”, com seu abdômen avantajado e usando um uniforme tamanho GG que mais parecia uma camiseta baby look curta, vai de encontro a bola em um percurso eterno para a torcida do Esquadrão — toma um escorregão como se tivesse pisado em uma casca de banana, encosta o pé esquerdo na pelota e só consegue soltar um “track” — um verdadeiro recuo para Bululu Caçapa. Bululu defende e imediatamente arma um contra-ataque fazendo um lançamento para o habilidoso ponta direita “Siringa” que por sua vez cruza na entrada da grande área para “Gamela” . O sempre elegante meio campista, percebendo que a bola vinha um pouco alta em sua direção e em rota de colisão com seu avantajado “gogó”, dá um salto milimétrico, domina no peito e solta um balaço pondo a pelota no ângulo, no fundo das redes do defensor do Pingo d’Água, o Saudoso “Geleia”.

“Geleia” nada pode fazer naquele momento além de ficar inerte observando a bola entrar e escutando aquele barulho ensurdecedor dos torcedores apaixonados do Esquadrão da Fumaça.

Ponto final, o juiz decreta o encerramento da partida e o Esquadrão se torna, pela primeira vez na história, campeão do cobiçado Torneio de Várzea da cidade de Cava Grande em MG.

Agora a festa não tinha mais hora para acabar…os jogadores do esquadrão foram carregados pela galera — cerveja, cachaça, tira-gosto, tudo por conta de um fazendeiro rico da região, o Sr Bombardino Crescêncio, lá no bar do Bororó. Que alegria!

Lá se vão mais de 15 anos daquele dia jubiloso . Nas rodas de amigos, nas conversas de boteco tomando aquela “marvada pinga”, sempre surge algum comentário sobre aquele time e os heróis daquele triunfo.

Alguns protagonistas ainda estão vivos e dão seus depoimentos eloquentes sobre a inesquecível epopeia e sempre são admirados pelos moradores. Outros infelizmente já estão em outro plano, mas deixaram seus apelidos pitorescos registrados na memória de todos os amantes de um bom futebol daquele lugar.

Segue a escalação do destemido e temido Esquadrão da Fumaça: no gol — Bululu Caçapa; na zaga — Zóim e Pernaiada; nas laterais — Manoel da Faca e Padeiro; meio campistas — Peixe Gato, Lico doido e Gamela; no ataque — Siringa, Bereta e Sossêgo; Treinador — Lamparina.

Esse é só mais um causo do futebol varzeano que muitas vezes é a grande e tão esperada atração das tardes de domingo em cidades do interior desse nosso querido “Brazilzão”. Aguardem que vem mais por aqui!!!

Plusber | Lazer

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *