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Futebol na pandemia: faz sentido continuar?

Medidas de isolamento social pressionam campeonatos estaduais por parada. Federações,
clubes e patrocinadores querem continuar.

O futebol movimenta o coração de milhões de brasileiros. Muitas vezes ele é o responsável
direto por ser a alegria de um povo com poucas perspectivas. Não à toa, o esporte tornou-se
também um grande setor econômico da nossa sociedade. Com forte impacto financeiro no
mercado publicitário, já que atrai os olhares atentos de torcedores apaixonados por todos os
cantos do país.

Não há dúvidas sobre a importância emocional e econômica que ele possui.

Mas vamos tentar encaixar essa visão geral em nosso contexto atual. Após uma longa
paralisação em 2020, por causa da pandemia, o futebol brasileiro retomou suas atividades com
portões fechados e calendário extremamente apertado. O Palmeiras, equipe que chegou até o
fim de todas as competições, se viu obrigado a jogar 80 partidas em uma única temporada.
Algo totalmente surreal para a exigência física do jogo nos dias de hoje. Mas todas as outras
equipes também sofreram com o número exagerado de partidas.

O ano de 2020 se arrastou até março de 2021, com a final da Copa do Brasil. E por incrível que
pareça, a temporada seguinte começou antes do término da anterior, com os estaduais.
Palmeiras e Grêmio, finalistas da Copa do Brasil de 2020, entre um jogo e outro da final,
tiveram que disputar rodadas do campeonato estadual de 2021. Confuso até de explicar, mas
aconteceu.

Em um panorama normal, sem pandemia, já seria inaceitável forçar as equipes a emendarem
uma temporada na outra, sem nenhum dia de descanso. Tudo isso para disputar campeonatos
estaduais, que a cada ano perdem brilho e importância no cenário. Muitas vezes vistos como
vilões, os estaduais elevam consideravelmente o número de jogos na temporada e – como
efeito cascata – minam a intensidade e a qualidade do jogo durante o decorrer do ano.

Mas, voltando à realidade, infelizmente nosso panorama não é nem um pouco normal. Na
última sexta-feira (19), de acordo com apuração do consórcio de veículos de imprensa, o Brasil
registrou 2.730 mortes por Covid-19 e mais de 89 mil novos casos da doença, em 24h. A
variante do vírus atingiu a população brasileira em cheio no começo de 2021 e os números
pioram a cada dia que passa.
Enquanto outros países – que investiram desde cedo na compra de vacinas e na campanha em
prol da imunização em massa – já pensam em abrir os portões e começar a receber torcedores
em estádios e ginásios, o Brasil vive situação totalmente contrária. Aproximadamente 2%
apenas da população recebeu as duas doses da vacina por aqui. O sistema de saúde entrou em
colapso no país inteiro e medidas de isolamento social foram intensificadas para tentar
amenizar um pouco a caótica situação.

Em meio a tudo isso, clubes, Federações e patrocinadores forçam a barra para continuar com o
futebol. Ignorando não apenas a saúde dos atletas e profissionais envolvidos no espetáculo,
como também todo sofrimento do país neste momento tão delicado.

É necessário união e empatia para sair dessa.

Torcemos para que o bom-senso fale mais alto e
as autoridades envolvidas respeitem a ciência.

Por: Felipe Bomfim

Plusber│Esportes

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